Itinerário 4 – Módulo 7 – O que é experimentar a democracia como modo-de-vida

ITINERÁRIO 4 – A DEMOCRACIA COMO MODO DE VIDA 

MÓDULO 7

O QUE É EXPERIMENTAR A DEMOCRACIA COMO MODO-DE-VIDA 

[FALTA A IMAGEM]

Este quarto itinerário é composto pela investigação da democracia como modo-de-vida, ou seja, da democracia no sentido forte do conceito: como processo de desconstituição de autocracia, onde quer que ela se manifeste, não apenas no Estado e sim também nas organizações da sociedade (como a família, a escola, a igreja, a corporação – incluindo a universidade -, o quartel, as organizações da sociedade civil e a empresa hierárquica). O objetivo é investigar como se pode experimentar a democracia para desprogramar cinco a seis milênios de cultura autocrática.

Nos Módulos 2, 3 e 4 examinamos textos inspiradores de John Dewey, de Humberto Maturana e de Hannah Arendt. No Módulo 5 examinamos o texto de Václav Havel (O poder dos sem-poder) e no Módulo 6 o escrito de Václav Benda (Polis paralela). Vamos agora voltar ao tema do Módulo 1 (que é o de todo Itinerário 4): experimentar a democracia como modo-de-vida.

O que é experimentar a democracia como modo-de-vida

No Módulo 1 deste Itinerário 4 dissemos que, diante da crise da democracia, a saída, necessariamente de longo prazo, passa pela formação de clusters democráticos, sempre temporários, altamente interativos (intensamente tramados por dentro) e abertos, com muitos atalhos (ou ligações para fora). A democracia terá de ser encarada por nós como modo-de-vida e exercida em todos os lugares em que for possível desconstituir autocracia.

Se tivermos algumas pessoas interagindo de modo distribuído em vários clusters, em cidades de todas as regiões, usando seus pequenos pontos de luz para trabalhar na escuridão (promovendo ambientes de aprendizagem da democracia, escrevendo nos jornais locais, pontificando nas TVs e rádios, com canais no Youtube e nas mídias sociais, se candidatando a cargos executivos e legislativos por velhas e novas agremiações, atuando em instituições do Estado e da sociedade), uma grande rede democrática pode ir se articulando sob a tormenta.

Sim, a democracia não é a luz de um holofote e sim a de miríades de pequenas velas. Sempre foi assim, aliás. Quantos democratas convictos – que tomavam o sentido da política como a liberdade (e não a ordem) e atuavam condizentemente com isso – existiam em Atenas nos séculos 5 e 4 a. C., ou no parlamento inglês dos Bill of Rights no século 17? Muito poucos. Mas sem esses poucos, a democracia não teria chegado até nós.

Podemos ser poucos, mas não tão poucos que não sejamos capazes de fermentar o processo de formação da opinião pública. Sim, é para isso que existem os democratas, não para virarem maioria (quem aposta nisso – no majoritarismo – são os populistas, ditos de esquerda ou de direita ou extrema-direita, hoje os principais adversários da democracia no mundo e no Brasil).

Para Péricles – segundo o relato de Tucídides – Atenas era a escola da Grécia. Antes de tudo uma escola de democracia. A rigor uma não-escola, como burocracia do ensinamento, posto que a polis não estava murada, não exigia nada de ninguém, nem submetia seus aprendentes a qualquer processo seletivo para entrar ou sair. Não era como a Academia de Platão ou o Liceu de Aristóteles. As ruas e praças da cidade eram os ambientes de aprendizagem em que se exercitavam os democratas, sobretudo os sofistas. O projeto apolítico (ou antipolítico) platônico era um projeto de ensino. O de Péricles, ao contrário, era um projeto verdadeiramente político, de aprender na livre interação entre os cidadãos mediada pelos fluxos da cidade – e a polis, como percebeu o último Hillman (1993), no brilhante discurso Psicologia, Self e Comunidade, era isso:

“Como nós imaginamos nossas cidades, como nós visualizamos seus objetivos e valores e realçamos sua beleza define o Self de cada pessoa desta cidade, pois a cidade é a exibição sólida da alma comum. Isto significa que você acha a você mesmo ao entrar na multidão — o que é o significado básico da palavra polis — fluxo e muitos. Para melhorar a você mesmo, você melhora a sua cidade. Esta ideia é tão intolerável ao Self individualizado que ele prefere a decepção do isolamento tranquilo e do retiro meditativo como o caminho para o Self. Eu estou sugerindo o contrário. Self é o verdadeiro caminho, as ruas da cidade”.

Eis aí o desafio. Não é uma ideia fascinante?


[COLOCAR NO GOOGLE FORM]

ITINERÁRIO 4 – QUESTÕES DO MÓDULO 7

Escreva aqui seu nome completo etc.

Etc.

01 – Você leu o discurso de James Hillman (1993), Psicologia, Self e Comunidade (se não leu, clique no link)? O que achou? (Atenção: você pode marcar mais de uma alternativa)

a) Muito bom.

b) Interessante, mas não vejo como concretizar suas sugestões (ou usar suas pistas)?

c) Para entender completamente esse texto seria necessário um novo itinerário de aprendizagem.

d) A mistura de psicologia com política não costuma dar certo.

e) Nenhuma das respostas anteriores.

02 – Por que se diz que experimentar a democracia como modo-de-vida é um caminho para desprogramar cinco a seis milênios de cultura autocrática? Este é um bom tema para uma conversa online. Você estaria disposto/a a participar dessa conversa?

a) Sim.

b) Não.


Acesse o Módulo 8 [link]