“A pessoa que vem é a pessoa certa”. Este primeiro princípio do Open Space condensa mais conhecimento do que todos os tratados de – como diremos? – psicologia, sociologia, antropologia e… teologia.
A pessoa que vem é a pessoa certa (para vir), assim como a pessoa que vai é a pessoa certa (para ir). Isso concluí depois de muita reflexão na última década. Mas isso não é nada.
Assistindo ontem (04/02/2018) a primeira temporada de Altered Carbon (uma série de ficção científica criada por Laeta Kalogridis, baseada no livro de mesmo nome de Richard K. Morgan) para o Netflix (2018), outras fichas começaram a cair.
Claro que a hipótese de Morgan está furada. O corpo não é apenas uma capa. Os antigos hebreus diziam que a alma é o corpo vivo (ao contrário da divisão helenista introduzida depois e consolidada pelas teologias, como se houvesse uma alma aprisionada em um corpo). Um corpo vivo é uma maravilha: uma holarquia fractal de trilhões de seres interdependentes. Não é como uma roupa que você pode trocar, mantendo num arquivo digital o que chamamos de consciência (seja lá o que for: e tendo a achar que não é porra nenhuma do ponto de vista da rede – oh! suprema heresia).
Ou seja, não é o carbono. É o padrão de organização. E não é apenas a matéria organizada de determinada maneira. É a dinâmica autopoiética (a rigor molecular mas, por extensão, dos chamados órgãos e sistemas, de suas interações entre si, com outros corpos e sistemas e… muito, muito além).
Não adianta ter o arquivo das memórias (se isso fosse possível, se a memória não fosse também auto-criativa e comum-criativa). Aquela matéria, disposta bio-fisicamente e bio-quimicamente de determinada maneira, coagula (e encerra) muitos fluxos. É como dizer para um velho alquimista que um Anjo é mais “espiritual” do que o Antimônio. É o contrário (mas os espiritualistas de manual jamais vão entender isso).
No entanto pode-se perceber, para além dos sentidos literal, alegórico e simbólico, uma camada oculta (provavelmente involuntária) na trama de Altered Carbon. Os indivíduos que vêm – com seus corpos de carbono alterados ou não – são pessoas porque alteram o comportamento de outras pessoas. Para além de toda manipulação, a pessoa que vem é a pessoa certa para provocar certa alteração (e não outra). Não porque exista uma ordem cósmica prefigurada ou uma lei regendo tudo (como creem as mentes simplórias), uma sina, um destino. E sim porque, ao vir, cria uma ordem a partir da interação num universo que é criativo porque se cria à medida que avança… A pessoa que vem é a pessoa certa porque qualquer pessoa que viesse seria certa.
A pessoa não precisa vir. Ela vem. E quando vem abre portas para outros mundos. Melhor: inaugura novos mundos. Não propriamente segue leis, mas legisla enquanto provoca singularidades no campo ou redemoinhos naquele rio de água sempre a correr (gerando novas pessoalidades no – e a partir do – fluxo interativo da convivência social). É desse ponto de vista que a pessoa que vem é a pessoa certa. Porque nenhum outra poderá fazer o que ela fará. E ela fará – e será – o que será.
DEVEMOS MELHORAR OU MUDAR A EDUCAÇÃO?
Para saber isso vamos conhecer as principais críticas feitas por pensadores da educação e refletir se nossas atividades estão sintonizadas com a mudança que está vindo, em especial agora que a sociedade está ficando mais interativa e com a inteligência artificial que vai se encarregar de muitas das tarefas que sempre foram executadas por nós. Mais um motivo para tentar descobrir quais são as características de uma aprendizagem tipicamente humana, que nunca poderá ser realizada por máquinas ou programas inteligentes.
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